segunda-feira, 26 de julho de 2010
Consciência
O que há por trás de um belo reflexo no espelho? Você já percebeu no que se transformou? Uma nova luz está refletida agora em seus olhos negros, onde o frio te congela. O medo consome todos os seus membros e seu rosto já não parece mais tão vivo, pouco sangue corre em suas veias, tanta atenção e tantos beijos no passado não te transformaram em alguém melhor. Enfrentando a constante metamorfose, nunca esqueça de que você é o que sua consciência esconde, afinal, somos nós que criamos nossos próprios monstros.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Mudança
Minhas coisas se encontram em caixas agora, é tempo de se mudar mais uma vez. A pintura das paredes está descascada, já até perdi as contas de quantas fotos colei e arranquei daqui. Olho para a porta e me pergunto: quantas pessoas já entraram e saíram desse lugar? Então ela se abre pela milésima vez. Vejo um rosto que agora é vagamente conhecido para mim, e lembro que não terei mais que ver esse mesmo rosto todas as manhãs.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Seu mundo
Sentada na cama, olhando a tempestade que se forma lá fora, de repente começa a visualizar imagens projetadas por sua própria consciência. Uma sala repleta de espelhos, mas isso não faz parte de um parque de diversões, e cada espelho reflete uma lembrança. Eles se quebram um por um, representando o que você já esqueceu. Aqui sua própria mente faz as regras, mas ela pode te iludir, afinal, quando vemos apenas o que queremos, as coisas não passam de mentiras convenientes, injetadas em nossas veias.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Amor
Porque as pessoas acham que amor é uma palavra que abrange tantas coisas? É mesmo certo culpá-lo ou agradecê-lo por tudo? Afinal, existem tantos outros sentimentos neste mundo, acredito que estamos aqui por outro propósito, muito maior do que sair distribuindo amor por aí, substituindo uma pessoa por outra, para dizer que só assim podemos nos sentir bem novamente.
sábado, 3 de julho de 2010
Barulho
Ouço o barulho dos carros passando lá embaixo, vejo um avião, ele corta as nuvens ao seu redor, fazendo com que pareçam extremamente frágeis. Agora avisto uma dama solitária andando na calçada, seu vestido longo visivelmente caro não esconde toda a dor. Pois existem certas coisas que podemos ver até mesmo de longe, nem são os olhos que nos transmitem, mas sim a alma. Sempre me espreito pelo corredor à noite, para que ninguém ouça meus passos, o barulho do relógio soa ainda mais irritante a cada tique-taque, mas o som da goteira na pia, batendo no prato, soa como poesia para meus ouvidos.
Camuflagem
Meus olhos percorrem as ruas à procura de um rosto conhecido, mas existem poucas coisas das quais realmente me lembro. Paredes esbarrancadas me trazem as piores lembranças, percebo que nunca fui tão esperançosa quanto sou agora. Mas porque sempre me sinto a culpada? Como o próprio Corey Taylor certa vez escreveu: angels lie to keep control (anjos mentem para manter o controle). Mas a camuflagem não pode esconder para sempre o que se encontra debaixo da pele, enterrado na sua carne.
Persuasão
É impressionante como às vezes você senta num banco de um ônibus, e simplesmente começa a pensar na vida. Olhando pela janela, vejo um pedaço de liberdade, tão pequeno e precioso que poucos conseguem ver. O mundo muda tanto com o passar dos anos, e as pessoas ficam cada vez mais cegas, preguiçosas e consumistas. Disputando pelo mesmo troféu, nessa guerra onde não existem confrontos diretos, tudo se baseia apenas no poder de persuasão.
Telefone
Ainda guardo numa sacola embrulhada, aquela blusa que seria sua se não tivéssemos terminado, justamente no dia do seu aniversário. Vejo como uma lembrança, por mais que você nem tenha a visto e muito menos usado. Talvez eu sinta mais sua falta como amigo do que como um namorado. E agora que estou sozinha nessa imensa casa decidi usar aquela mesma blusa, e deitar no sofá como quem não quer nada. Mas quem não quer nada não fica deitada a menos de um metro do telefone, com seu número na mão.
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