domingo, 29 de agosto de 2010

Olhos fechados


Quando era pequena sempre apaguei aquela luz da cozinha, a única que ela deixava acesa antes de ir dormir. Ao crescer percebi que essa luz fica acesa aguardando sua chegada, então deixei de apagá-la. E o mundo vai se desfazendo ao meu redor, enquanto continuo deitada fingindo que nada aconteceu. Os sons não são mais os mesmos, parecem cada vez mais altos, perturbadores. Por isso tentei manter uma certa distância das pessoas, mas sempre soube que algum dia esse muro cairia, então finalmente aprendi a sentir o momento, e beijar de olhos fechados.

domingo, 22 de agosto de 2010

Felicidade


Não sei por que pela primeira vez, apesar de todas as preocupações, simplesmente me senti feliz. E eu finalmente percebi como uma palavra, ou um simples gesto, podem mudar tanto o rumo das coisas. Pra que criar muros, se eles caem facilmente? Consequências fazem parte do passado, e talvez tudo a minha volta esteja apagado, menos sua face. Com um toque tão puro nossas mãos estavam juntas mais uma vez, e a barreira entre nós era tão fina que caiu sem nenhum som. Apenas um momento ficou congelado em minha mente, nossos lábios se encostando.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Luz das velas


Estava distraída, quando de repente a escuridão toma conta de todo o ambiente. Vou até o armário e pego algumas velas, ao acendê-las, observo enquanto se desintegram lentamente, derretendo. As gotas de cera caem no chão, e imediatamente solidificam-se. Depois faço um típico "jantar a luz de velas", no qual aproveito para refletir, lembrar do quanto já fui diferente. E então a energia volta, mas sinceramente, eu prefiro a luz das velas.