segunda-feira, 16 de março de 2020

Estrela solitária

Ruas silenciosas, que já foram testemunhas de tantos acontecimentos, escuto apenas
o eco da minha voz e o som dos meus pensamentos. Sou como uma estrela solitária,
fumando meu cigarro, me perguntando onde foi parar toda a gente. O vazio de fora é
quase tão grande quanto o vazio de dentro, mas a verdade é que essas pessoas não
fazem falta nenhuma. Até porque, essa gente é muito barulhenta, e eu prefiro o silêncio,
principalmente o silêncio de quando olho em seus olhos, antes do beijo. A rua é um
festival de cores, sem som. Agora escuto o canto dos pássaros, anunciando a chegada
de um novo dia. Já amanheceu e continuo solitária, mas não me sinto sozinha.

Era uma vez

Houve uma época em que as coisas eram muito mais simples, mas eu não era feliz. Vivia saindo, e conhecendo pessoas novas, talvez tão vazias quanto eu era. Mas, algo mudou dentro de mim, e deixei de me sentir vazia. Passei a me amar, e a me considerar boa o suficiente. Não é uma mudança repentina, ela leva tempo. As coisas vão mudando aos poucos, e quando menos espera, ser você mesma basta. Para ser feliz, para se sentir realizada e, até mesmo, para ter alguém ao seu lado. Chega a ser engraçado, quando você para e pensa sobre o quanto as coisas mudam. Há dois anos atrás, e em todos os anos anteriores, eu queria cometer suicídio. E agora sinto uma espécie de paz, que não consigo descrever. Só espero não estragar tudo, como sempre fiz. Tantos segredos, tantas mentiras, tanto rancor guardado. As lágrimas são tão afiadas, elas parecem navalhas cortando minha pele. Enquanto escorrem, elas rasgam tudo. Até que eu não sinta mais nada, até que a indiferença tome conta de mim. Agora é como se uma parte de mim simplesmente estivesse morrendo.