O tempo é algo tão cruel, nada resiste ao seu desgaste. Nem todos têm tempo, e será que estamos aproveitando bem o nosso? Às vezes, me sinto em uma gaiola. Mas, o que será a tal liberdade? Todo dia a solidão bate à porta, no mesmo horário, como se fosse uma espécie de rotina. Eu segurei o choro tantas vezes que minhas lágrimas simplesmente secaram e, aos poucos, tudo se esvai. Será que alguém ainda se importa? Estou aqui no canto, lembrando de fragmentos de felicidade, de quanto eu ainda me sentia viva e, ao mesmo tempo, a vida se dissipava de gota em gota de álcool, de cigarro em cigarro. Excitação, novidade, não sobrou nenhum resquício do passado. Agora os dias são outros e, enquanto você dorme, parece que não há nenhum significado nisso. Já cansei de ir e vir, dessa montanha-russa, talvez seja mais fácil deixar o tempo passar, permanecer estagnada, me arrastando com o que resta para viver. Talvez seja só isso o que sou capaz de conseguir, afinal, já não temos mais tempo.
