sábado, 24 de abril de 2021

Velhos amigos - Parte 2

É impressionante como coisas tão pequenas e aparentemente insignificantes podem te deixar para baixo, de uma hora para a outra. Eu pensei que tinha vencido todos aqueles antigos fantasmas, doce ilusão, apenas não estava pensando neles. Eu já havia, até mesmo, me esquecido de como é essa sensação convidativa de pertencimento, de algo que aos poucos te puxa para baixo e te faz querer ficar lá, aconchegada, no fundo do poço. Estagnada, meus pés parecem pesados, então só me deixe ficar aqui. Você nunca está lá quando eu preciso mesmo. Talvez eu nunca tenha aceitado verdadeiramente que esse é o meu lugar. Agora, eu abraço o conhecido vazio, a solidão, com a certeza de que pelo menos eles nunca vão me abandonar, se eu apenas deixá-los ficarem. Então olá velhos amigos, sejam bem-vindos, mais uma vez. A verdade é que vocês são os meus maiores companheiros, e inspiração para escrever. E o silêncio, meu maior aliado.

Velhos amigos - Parte 1

Como você pode ser assim? Enquanto estou em um cômodo, me acabando de tanto chorar, você está em outro agindo como se nada estivesse acontecendo. Será que é pedir demais? Querer que você se importe, desejar que me pergunte se está tudo bem. A porta está trancada, e você sequer percebeu. Está tão imerso no seu mundo, e nos seus afazeres, que não aparece aqui. Eu já deveria ter me acostumado que esse é seu jeito de ser e de fazer as coisas, mas acho que é algo que nunca vai entrar na minha cabeça. Pois, para mim, quando você ama de verdade você se preocupa, você sofre junto, mesmo que seja pelo motivo mais bobo de todos. Você se importa, ao invés de deixar a pessoa que você diz amar se sentir sozinha. Afinal, é isso que sinto agora, uma espécie de solidão que consome tudo, que faz com que eu pense que não há mais motivos para levantar da cama. Não sei, talvez nossas formas de amar e de ver o amor sejam apenas diferentes. E o pior é que eu sei que quando eu sofro o bebê que está sendo gerado por mim sofre junto, e não quero isso. Mas, às vezes, se entregar para a tristeza parece inevitável. Então olá velha amiga, seja bem-vinda mais uma vez.