domingo, 30 de dezembro de 2018

Fundamental

Agora, aqueles antigos problemas parecem tão pequenos, me sinto capaz de enfrentar tudo. Viver, não me parece mais algo tão insuportável, pelo menos na maior parte do tempo. Dissociação, vazio, nada disso, dessa vez não vou deixar que essas coisas me consumam. Eu mudei, e muito. Por um lado, queria ter te conhecido antes, uma das melhores coisas que já aconteceu em toda a minha vida. Mas, por outro lado, sei que eu precisava passar por muitas coisas antes, para aprender a dar valor ao que realmente importa. Não quero mais errar, continuar nesse círculo vicioso. Só quero continuar a ter essa paz, a nossa paz. Essa felicidade tão grande que mal cabe no peito, e que eu não trocaria por nada nesse mundo. Quero um futuro ao seu lado, e um lugar para chamar de nosso lar. Acordar todos os dias, pensando no quanto você fica fofo dormindo. E na sorte que eu tive, por encontrar alguém tão maravilhoso assim, e por tê-lo ao meu lado. Talvez as coisas mudem com o tempo, não há como prever o futuro, mas de uma coisa eu sei, você me fez um bem que sequer pode imaginar. Sei que o amor próprio também é algo muito importante, e que aprendi a ter, mesmo que seja uma questão na qual ainda preciso melhorar bastante. Mas amar e ser amada, da forma que é conosco, é algo que não tem preço. Uma possibilidade que eu gostaria de agarrar com todas as minhas forçar, e jamais deixar se perder.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Repleta

Todos os dias eram monotonia, e quando algo de diferente acontecia, era bom naquele momento. Mas, então, em breve, o vazio estava de volta. Como realmente preenchê-lo? Era a grande questão. Foi estranho trilhar o mesmo caminho, depois de tanto tempo. Porém, quando as coisas mudam, de verdade, talvez possa ser o que chamamos de progresso. Olhei para o caderno, e as palavras tremiam, como se estivesse dissociando. Fui dali para outro lugar, ou talvez fosse apenas a exaustão, conformidade, ou aquele misto de sentimentos que é tão difícil de explicar. Com olhos cansados, observava enquanto o vagão se movia, entorpecida, sem conseguir fazer nada. Inúmeros rostos, que se perdem na multidão. A busca incessante pelo prazer, a efemeridade. O medo de se expressar, de errar. Quantas vezes não nos sentimos inúteis, ultrapassados. Bombardeados de informações, o tempo inteiro. Quando, justamente, o que mais falta é tempo. Muito das relações, como elas eram, se perdeu. O toque, o olhar. Tudo deve ser rápido, enquanto me sinto em um loop eterno. Perdida, consumida pelo furacão. Passando pela rua, observando tudo em volta, comendo uma maçã. De repente, escutei alguém a me chamar, pedindo comida. Por um momento parei, quase virei, como se fosse responder algo. Mas não sei o que o tempo tem, que nos faz continuar e encarar situações como esta com naturalidade. Será que aquele estranho do metrô estaria ali de novo, a me sorrir naquele mesmo vagão? Se esse é o meu pensamento, ao invés de pensar na pessoa que está na rua a pedir comida, talvez haja algo de errado. Comigo, com todos nós, com o mundo. E tem algo no não dormir, ou dormir mal, que deixa as pessoas mais atentas, talvez até mais sociáveis. E, então, eu percebi que o vazio diminuiu, ele já não se faz mais tão presente. Parece que algo mudou. Parece que tudo mudou. Parece que voltei a sentir. Sentir? O quê? Creio que só o tempo poderá me dizer. Não há como ser feliz o tempo inteiro, ou ter sempre paz de espírito. Mas, podemos sempre tentar ser alguém melhor, conosco, com os outros, com o mundo.