Sirens

Sinto falta de seus lábios entreabertos, gemendo, suspirando em momento de delírio, seus olhos cerrados, cabeça pendendo para trás, sussurrando aquelas mesmas palavras de sempre. Preciso mais uma vez daquela maravilhosa sensação de êxtase, de que sou invencível e inabalável, que a nicotina me proporciona, mesmo que seja apenas um cigarro, até mesmo o último, terei o prazer de sentir lentamente a fumaça a sair por entre meus lábios, dançar no ar. Sinto falta de seu corpo por inteiro, tê-lo em meus braços, chamar de meu, reviro-me na cama sozinha e mais uma vez não consigo dormir. Poderíamos facilmente ter o mundo em nossas mãos se é isso que você quer, realmente é isso que quer? Feições vagamente já esquecidas, levanto da cama e tudo gira a minha volta, ritmo frenético. Você não pode simplesmente dizer a alguém que sare, não é assim tão simples, cafeína, nicotina, apenas artifícios para viver mais intensamente. Deitada imóvel, sentindo o cheiro da vela apagando lentamente a adentrar minhas narinas, admiro os variados tons, vermelho rubro, alaranjado, púrpura. Me perdi em teus lindos olhos castanhos, já a meses atrás, escuros, intensos, brilhantes. Já nem sei por quanto tempo fiquei a admirar aquela mesma foto. Ando por estas ruas quentes do Rio de Janeiro, este lugar tão maravilhoso e tropical, eu a vi e os olhos dela brilhavam, tinha a ilustre capacidade de sorrir com o olhar, achando tudo tão mágico. Sinto que se escutasse aquela velha música novamente, eu poderia facilmente simplesmente desmoronar, "hear the sirens, hear the circus so profound, I hear the sirens more and more in this here town".