sábado, 8 de abril de 2017

Autocomiseração

Seguro em minhas mãos aquele mesmo velho chaveiro, lembro dos sorrisos, da ótima pessoa que você costumava ser, e sinto pena de mim mesma. Tive um sonho no qual me embalo em teu peito até dormir, mas na verdade, o que ajuda mesmo são apenas antigas canções de ninar, combinadas com os mesmos remédios de sempre. Seus dentes de Drácula me mordem, sugam toda a minha energia vital, enquanto sou reduzida a nada, submissa, depressiva, e como sempre vazia. A anorexia encontra-se refletida no espelho, te chamando de gorda, fraca, estupida, inútil, mas ela não vai vencer, não desta vez. Quero cavar a ferida, bem fundo, retirar todo o veneno, me aninhar em outros braços. Quero ser apreciada, no meu íntimo, pode tomar tudo, é tudo teu para fazer o que bem entenderes, leve cada pedaço até que nada mais reste, doce alma saqueadora. Muitos não entendem pelo que você passa, eles debocham sem saber como é difícil, sorrir quando se quer chorar, ter que levantar da cama todos os dias, apenas fingir. Passos de bebê, ou grandes passos, isso já não importa mais. A velocidade da mudança, a direção e a intensidade, esse amor é muito mais do que posso me permitir sentir, muito mais do que posso suportar.

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