quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Sórdidos momentos

Há um monstro embaixo de minha cama, e esse monstro representa as mais sórdidas lembranças. Há um breu entre meu passado e meu presente, uma espécie de escuridão, lembranças esquecidas que já não pertencem mais a mim. Há uma forma de esquecimento, dentro de cada dor que sentimos, a preferência por não sentir nada, pois só o fato de não sofrer já é ainda melhor do que a possibilidade de, talvez, ser feliz. Melhor não se arriscar, melhor deixar as coisas como estão, e depois encontrar-se arrependida por não ter vivido, não ter sentido, sequer tentado. Lembranças reprimidas, que você mesmo sequer tem a consciência de ter vivido, elas encontram-se lá, bem guardadas, no fundo do mesmo poço. E no dia que essa água jorrar talvez seja tarde demais para tentar apagá-las mais uma vez, já tornaram-se parte de quem você é, parte de sua essência, de nada adianta tentar fugir agora.

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